Se as eleições fossem hoje e os candidatos fossem esses, em quem você votaria?

Flávio Dal Pozzo presidente Movimento Político pela Unidade no Brasil

Font: Cidade Nova | Agosto 2022

Um país sob o olhar da fraternidade

ELEIÇÕES 2022 Neste artigo, o autor – em nome do Movimento Político pela Unidade – propõe uma reflexão sobre como encarar o próximo pleito eleitoral à luz de princípios como a fraternidade universal, a liberdade e a igualdade.

 

REGULARMENTE, em cada eleição, somos convocados a viver responsavelmente o nosso dever político, a escolher com responsabilidade os nossos representantes. Com certeza, o resultado dessas escolhas irá fortalecer ou enfraquecer a nossa democracia. Para o Movimento Político pela Unidade (Mppu), expressão civil do Movimento dos Focolares, que tem por princípio e fundamento a vivência da fraternidade universal enquanto princípio político, ao lado da liberdade e da igualdade, esse pode ser um momento propício para um exercício que nos leve a um aprendizado efetivamente político fraterno.

A fraternidade universal não é apenas o objetivo da política, mas também a sua categoria fundamental, o princípio motivador e mobilizador que deveria estar na raiz de todas as relações e ações políticas. Viver a fraternidade universal, por definição, requer que ela seja compreendida por meio do diálogo entre as pessoas de todas as culturas, que seja atua- da com a riqueza que a genialidade dos diversos povos pode expressar. Do contrário, não seria fraternidade nem seria universal.

Se aceitarmos o desafio e nos educarmos na vivência da fraternidade universal, com certeza não sem dificuldade, seremos capazes de nos relacionarmos politicamente com os representantes políticos, os governos (sempre temporais), os partidos e as ideologias com liberdade e igualdade.

A liberdade é considerada aqui no sentido de que não nos sentimos “reféns” de representantes políticos, governos, partidos ou ideologias. É preciso ter liberdade para perceber que não devemos nos relacionar com eles como nos relacionamos com o time do coração, como se esses fossem os únicos “salvadores” capazes de nos proteger e libertar dos perigos representados por aqueles que propõem uma concepção diferente de vida em sociedade. É preciso ter liberdade para nos sentirmos livres e capazes tanto de identificar as boas políticas, com os seus devidos resultados, quanto de não termos receio de fazer coletivamente as críticas necessárias às palavras e ações incoerentes dos representantes que apoiamos.

Devemos, além disso, considerar igualdade no sentido de sermos capazes de nos colocarmos como protagonistas na construção do bem comum e de uma vida digna que alcance todas as pessoas, de nos sentirmos corresponsáveis com os nossos representantes pela comunidade que queremos em nossa cidade, país e no mundo, sem delegarmos apenas a eles a responsabilidade por isso. Por fim, é preciso considerar a igualdade no sentido de não nos sentirmos diminuídos ou paralisados pelo poder a eles conferido, conscientes de que esse poder deve ser exercido, por meio da cogovernança, com todas as pessoas e estruturas que compõem a sociedade.

Um dos principais desafios que temos nas mãos durante o período que precede as eleições, para exercer o direito ao voto com consciência, está diretamente conectado com o necessário exercício de fortalecermos juntos nossa capacidade de identificar aquelas políticas públicas necessárias ao cuidado das pessoas, da nossa “casa comum”, tendo como ponto de partida aqueles que mais precisam, os invisíveis e descartados. Esse exercício é fundamental para que se possa, considerando essas informações e conhecimento, identificar aqueles representantes que as defendem e votar neles, com responsabilidade.

Ao conectarmos nossa atenção e ação na efetivação daquelas ideias e propostas que entendemos necessárias para um mundo unido, fortaleceremos ao mesmo tempo, com o nosso protagonismo, a vida política e democrática das nossas comunidades. Igualmente, votaremos – e nos colocaremos ao lado deles – nos representantes, governos e partidos capazes de propor e lutar por essas mesmas políticas públicas, sem nos sentirmos reféns desse ou daquele governo ou daquela ideologia.

A nossa história política recente é pródiga de exemplos de pessoas que se esqueceram (ou não aprenderam ainda) de viver a fraternidade universal na política de maneira livre e igualitária. Por conta disso, nas suas ações e palavras, demonstram o quanto são reféns de governos, ideologias ou figuras públicas.

Com isso não estamos falando que a estrutura político-partidária e representativa não seja necessária ou importante. Sempre será, pois sem ela uma sociedade não consegue minimamente se organizar e cuidar dos seus e do ambiente. O que estamos querendo sublinhar é o necessário exercício que devemos fazer, individual e coletivamente, para aprofundarmos as ideias, propostas e políticas públicas que queremos, não de forma superficial, mas profunda e enraizada no bem viver – não por meio de terceiros, mas em primeira pessoa.

Somente com propostas políticas transparentes e participativas é que seremos capazes de sair dos simplismos generalizados no qual fomos jogados, da disputa vazia e/ou superficial de ideias que apenas identificam as trincheiras em que nos colocamos, incapazes de perceber que o espaço público é justamente o espaço do encontro das diferentes concepções de mundo e que essa diversidade deve encontrar, nesse espaço, as condições para o debate profundo e participado, com respeito e corresponsabilidade.

Fica o convite: durante o período até as eleições e no momento do voto, nos propormos e nos desafiarmos a um exercício conjunto e pessoal para identificar aquelas propostas e políticas públicas necessárias para um mundo unido, capazes de oferecer uma vida digna para todos, especialmente para aqueles que mais precisam e que se sentem abandona- dos pela política. Que sejam elas, a partir desse exercício, a nos permitirem as condições para uma escolha mais consciente dos nossos representantes.

Assim, fica a pergunta: se as eleições fossem hoje e as necessárias políticas públicas identificadas para o bem viver da nossa gente fossem essas, como eu definiria e escolheria meu representante?